segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Escudo de paz

 

   Em uma determinada época da vida, aliás, há tão pouco tempo que eu nem percebi quando isso mudou, eu me irritava muito fácil, entrava de cabeça em qualquer briga, até nas que não eram minhas. Confesso que tinha um certo tesão por bate boca, barraco, um certo prazer em brigar por brigar, nem precisava me dar muito motivo. Eu não sei bem como, porque, quando, só sei que estou em um estado de paz que nunca experimentei antes, aliás, estou até me desconhecendo, finjo que não vi que a indireta era pra mim, me faço de surda para ofensas, ignoro caretas que eu sei que fazem pelas minhas costas. Já cantou Chorão: "Um homem quando está em paz não quer guerra com ninguém!" 
   Eu, logo eu, uma brigona incurável me encontro em total estado de busca pela paz, ando com preguiça de bater boca, na verdade preguiça de morder isca, porque tem gente que adora fazer um pavio curto prender fogo, e faz isso só pra se divertir às custas do "gênio de cão" alheio. Gente com mania de se ofender por tudo, que acha que o mundo gira em torno do seu umbigo, amigos que adoram inventar motivos para cobrar e discutir a relação, inimigos implicantes, todos esses tem passado tão despercebido por mim, e só hoje eu percebi isso. 
   A verdade é que é muito bom não se deixar atingir pelo recalque, inveja e implicância alheios. Não vou prometer que ficarei assim pra sempre, mas eu gostaria, até porque esse escudo de paz que me envolve é bom demais e eu desejo ele pra todo mundo, inclusive pra esse pessoal que vive tentando colocar fogo no meu pavio curtíssimo. 

domingo, 1 de setembro de 2013

"...eu trocaria a eternidade por essa noite..."





                                           


   Eu sempre digo que moro geograficamente muito mal situada. Além da minha cidade ser muito fria entre maio e agosto e eu detestar frio, é uma cidade que fica perto da ponta do Brasil, mais especificamente situada ao sul do Rio Grande do Sul. Bagé poderia ser a primeira cidade do Brasil, mas com o tempo que as novidades demoram para chegar por aqui eu considero que somos uma das últimas cidades, talvez do mundo. Ok, estou exagerando, existem lugares piores por aí. Mas enfim, por tudo isso e mais um pouco, desde o ano passado, tenho me sentido abençoada. Depois de muitos anos a minha cidade voltou a ser inserida no mapa por onde passam grandes shows de rock. Como relatei aqui na época, em 2012 Bagé recebeu Capital Inicial e Charlie Brown Jr e eu já me contei bem feliz, pensei que talvez parasse por aí, mas para a minha total surpre sa e felicidade plena, ontem nada mais nada menos do que José Fernando Gomes dos Reis, que atende pelo nome artístico de Nando Reis e pelo carinhoso apelido de Ruivão, estremeceu o palco do Ginásio Presidente Médici. 
   Confesso que quando eu soube que o Nando viria criei uma expectativa imensa, já que sou muito fã do trabalho do cara, mas ao mesmo tempo senti um certo medo de, sei lá, me decepcionar por não ser tão bom vê-lo ao vivo, mas enfim, os dois longos meses de expectativa e frio intenso passaram. O calor apareceu trazendo com ele o Ruivão. O tão esperado 31 de agosto chegou com sol, calor e um nó de emoção na garganta, além de ver o show eu ganhei a oportunidade de conhecer o cara ao vivo, falar com ele, tirar uma foto, pedir um autógrafo. Limpei meu all star, carreguei a bateria da câmera e do celular, organizei os sentimentos, pintei as unhas, cortei o cabelo, vesti o meu melhor estilo tiete de estrelas do rock e quando a noite chegou parti, com o meu amor (aliás Nando Reis embala toda a nossa história) e mais dois bons amigos rumo ao show. Lá chegando, outros bons amigos já haviam escolhido uma das melhores mesas, que nos deixaria a apenas alguns metros do cara. Entre muitos papos, risadas de nervosismo, fotografias, copos de cerveja, o tempo foi passando e chegou a hora de ir ao camarim. 
    Todo o caminho tem uma pedra, no caso de ontem, tinha uma produtora grosseira e que fez questão de nos tratar como uns pobre-coitados que estavam incomodando um famoso. Nos fez largar câmera, celular e caneta. Fotos só poderiam ser tiradas pelo fotógrafo oficial da produção e autógrafos estavam proibidos. E ali ficamos, todos um pouco indignados, mas com esperança de que quem realmente nos interessava não fosse tão mala assim. Enquanto esperava sentia as minhas pernas tremerem e o coração acelerar cada vez mais, quando entramos no camarim ali estava um Ruivão sorridente e muito solícito e, sim, ele topou autografar o meu all star, simplesmente baixou e seguiu assinando, adorou a camiseta do Guarany que um amigo meu deu pra ele, conversou sobre futebol, agradeceu o carinho e reforçou ali a minha eterna admiração.
    Passada a emoção do autógrafo, do encontro, do stress com a produtora, era a hora do tão esperado show, pontualmente a meia-noite ele entrou no palco. Nando entrou direto cantando, sem dirigir um palavra sequer ao público que o esperava ansioso. Senti medo que ele fosse ser assim durante todo o show, mas como bom capricorniano que é, assim que sentiu o clima e percebeu que estava realmente agradando ele conversou e seguiu entre um papo e outro cantando o repertório que fez um perfeito passeio por toda a carreira dele, passando pela época dos Titãs, e fazendo com que todo mundo cantasse suas músicas mais conhecidas além de apresentar algumas do novo trabalho e não deixou de passar parcerias como as que teve com Cássia Eller e a mais atual com Roberta Campos. A energia boa do cara logo passa para o público, as guias de proteção penduradas no pedestal do microfone deixam claro o lado místico dele, muito presente também em muitas das músicas. 
   Quando olhei para os lados e percebi que adolescentes, com no máximo 14 anos gritavam, cantavam e choravam, senti uma estranha esperança de que nem tudo esteja perdido, de que, sim, o rock ainda vive e viverá para sempre. A banda do cara, intitulada "os Infernais", é igualmente talentosa e deixa qualquer um que goste ou entenda um pouco de música de boca aberta. Eu tive uma única sensação de que eu queria que aquele show não acabasse nunca, que ele tocasse e cantasse pelo resto de todas as noites e dias da minha vida, ali, assim, ao vivo. A vontade é de falar muita coisa, mas nenhuma palavra seria capaz de expressar o meu sentimento de gratidão a Deus por poder viver e sentir esse inesquecível show, o melhor show de rock que eu já vi, vivi e senti. Obrigada Nando Reis! Vida longa ao rock! 

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Para as minhas maiores saudades

   


   Tive uma infância feliz, fui uma criança abençoada, eu tive três pares de avós, pude conviver com um bisavô e duas bisavós e tenho tantas lembranças dos nossos momentos. Os meus avós e bisavós me fizeram uma criança mais feliz, trataram de cumprir o papel que lhes cabia e faziam todas as minhas vontades. Lembro do meu avô Sebastião dando dinheiro pra gente comprar doces, o vô Avancini nos levando café na cama quando dormíamos lá, a vó Lena fazendo morango com chocolate porque nós gostávamos, a vó Renata e o vô Horácio que não sabiam o que fazer para nos agradar quando íamos visitá-los, a bivó Auta e suas deliciosas balas de mel e a mania de dizer pro pai e pra mãe "não briguem com as guriazinhas na minha casa nem na minha frente", os presentinhos da vó Aracy, o carinho do vô Chico, a vó Conceição que até hoje dá um jeito de fazer as minhas vontades e cumprir o papel de única avó ainda presente na minha vida. Eu vejo até hoje a minha mãe falar com tanto carinho da vó dela que foi como mãe, e de alguma maneira também amo a bivó Orfelina mesmo sem tê-la conhecido. É engraçado, hoje, eu só tenho comigo a minha vó Conceição, mas todos os outros, são tão presentes na minha vida mesmo com tamanha ausência.
   Lembro quando eles se foram, lembro da dor da perda de cada um, alguns e senti mais outros menos, por questão de idade e de convivência. Nunca esqueço que a minha primeira perda mais impactante foi a vó Auta, e como foi difícil assimilar a ausência dela que passava todos os finais de semana lá em casa, mas depois disso fiquei mais calejada mas não menos capaz de sentir essa dor várias outras vezes em todas as outras despedidas que se fizeram inevitáveis e me ensinaram a lidar com essa sofrida ausência.
   Se por um lado ter a minha avó Conceição perto é a maior bênção, a falta dos meus outros avós é a minha maior saudade. Faz falta o carinho, o apoio, os mimos, as lições. Os domingos de inverno ficaram mais vazios sem os deliciosos e inesquecíveis mocotós da vó Lena regados a muitos mimos do vô Avancini, a Santa Clotilde nunca mais foi a mesma sem a presença marcante do vô Bastião, os finais de semana lá em casa ficaram com uma lacuna sem a vó Auta, passar em Guaíba e não ter motivo para chegar porque o vô Horácio e a vó Renata não estão mais lá se tornou angustiante, os sábados pela manhã ficaram sem som por não terem mais o canto dos canarinhos da vó Aracy e é assim, sou cheia de lembranças deles, lembranças saudosas, maravilhosas, porém doídas. Sempre penso que se eles estivessem aqui seria mais fácil ser adulta, é na casa da Dona Conceição que eu encontro um pouco de todos eles, que eu mato um pouco a saudade, são os passeios com ela que me fazem voltar de alguma maneira a encontrar aquela criança que foi tão mimada e tão feliz. 
   Sou feliz por tê-los tido comigo, sou triste por tê-los perdido, mas serei sempre grata por tudo o que me ensinaram e por eu ter sabido valorizá-los em vida, por ter curtido cada segundo de amor, de paz, de tantas lições de vida. Poderia ser pior, mas não é porque a vó Conceição tava ali para me ajudar a superar cada perda e para me ensinar que a morte talvez não seja tão ruim quanto nos parece, ela segurou o meu Diploma junto comigo, ela esteve lá quando eu decidi ter a minha casa, me aconselhou, ajudou, incentivou, e ela está aqui para que eu possa ter ainda mais motivos para comemorar o dia dedicado a esses seres de luz que são os avós. Amo vocês, porque o que eu sou hoje é o que cada um de vocês foi e sempre será para mim! Feliz dia dos avós para os meus, para os nossos, para todos os que nos ajudam a construir a nossa história de vida! 

sábado, 20 de julho de 2013

Aos meus amigos

   



   Um feliz dia para aqueles que aturam todo o meu mau humor, a minha rabugice, a minha alma de velha, as minhas manias, chatices, todinhos os meus defeitos. Feliz dia para aqueles que aturam todas as verdades que eu insisto em jogar na cara e muitas vezes não me falam nada, matam no peito, engolem a seco, relevam e perdoam. Feliz dia para os que já me deram colo, dividiram o copo, os problemas, as lágrimas, os sorrisos. Feliz dia para as que já seguraram o meu cabelo para eu vomitar, já largaram tudo o que estavam fazendo para me dar colo, já abriram a porta e simplesmente me abraçaram na tentativa de amenizar a dor que saltava pelos olhos em forma de lágrimas. Feliz dia para os que me fazem mais feliz, mais forte, mais eu mesma, para vocês que me aceitam como eu sou e ainda tem a capacidade de me amar. Feliz dia para os maiores tesouros que eu tenho, Feliz dia do amigo para todos os meus amigos que dispensam marcações porque sabem exatamente quem são, que são poucos mas são valiosos! Acreditem, apesar de tanta frieza, tantas reclamações, tanta encheção de saco EU AMO VOCÊS!! O nosso dia é todos os dias, mas já que o calendário marca hoje como um dia em especial eu preciso homenagear vocês com um dos meus únicos dons, as palavras!!

quinta-feira, 4 de julho de 2013

É mesmo isso aí?

   



   Dia desses me peguei cantando uma música do Lulu Santos e aqui vai um trecho: "...tem dias que a gente olha pra si e se pergunta se é mesmo isso aí que a gente achou que iria ser quando a gente crescer..." e aí eu pensei: Será que era isso? Será que estamos no caminho de onde pensamos um dia chegar? Quanta coisa já nos imaginamos sendo quando éramos crianças e na maioria das vezes não somos nada disso, crescemos e ficamos maiores que os nossos sonhos, ou menores. Tanta gente que fez parte da nossa história e por um motivo ou outro se perde pela estrada da vida, muitas dessas pessoas fazem tanta falta, outras agradecemos por terem nos ensinado quanta maldade pode ter o ser humano. 
   Tantas vezes eu passo na rua por alguém com quem já dividi parte da vida e agora um frio e seco "oi" separa a nossa história, tanta gente legal que eu queria de volta. Todos os dias a gente aprende, todos os dias a gente cresce, ou pelo menos deveria, tem gente pra quem eu tenho vontade de dizer: "Desculpa se eu errei, será que a gente pode tentar de novo?" Não tô falando de amor, mas de amizade, da mais pura e simples amizade que dividiu bonecas, segredos, primeiros amores. Pessoas que guardaram nossos mais valiosos segredos e agora um muro frio de vida, rotina, fofocas, intrigas nos separam. 
   Sigo lembrando a mesma música: "...na nossa história de repente ficou alguma coisa que alguém inventou...", pessoas nos inventam todos os dias, nos reinventam, e algumas fazem tão bem, são tão importantes mas um dia vão embora e deixam tanto delas em nós, na invenção que nos deixaram gravadas. Se tem um sentimento bandido ele chama-se orgulho, que coisinha bem cruel, que nos impede de demonstrar, de procurar, de dizer o quanto podemos ser melhores, diferentes, o quanto somos capazes de nos reinventarmos. Poucas vezes me despi do orgulho e procurei pessoas que realmente faziam falta, e algumas dessas vezes recebi como resposta o orgulho alheio, e como ele dói, como dá vontade de dizer: "Faz como eu e responde sem orgulho, sem dor, entendendo como eu posso ser melhor sim."
   Queria ser menos orgulhosa, queria que todos fossem, talvez o mundo fosse melhor, com menos brigas, menos distância, menos frieza, menos saudade e mais paz. Mas do que valeria a vida não fosse o nosso eterno desafio em tentar aperfeiçoar o que será eternamente imperfeito? Não fosse a dificuldade em lidarmos com nossos medos, saudades, mágoas e males? Confesso que não é isso aí que eu achei que ia ser quando eu crescesse, no meu perfeito, destemido e maravilhoso mundo infantil todo mundo se amava, se perdoava e dava um jeito de ficar mais perto.
   

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Lembrando e cantando

  



     A música tem um poder incrível de despertar todos os tipos de sentimentos, seja raiva, amor, saudade, a gente goste ou não de uma música, ela mexerá no nosso íntimo, pelo ritmo, por uma palavra, por uma frase. Eu, particularmente, me considero muito musical, e por obra do destino mesmo sendo desafinada e não tendo dom pra tocar instrumento nenhum, eu trabalho com música, sim, sendo radialista eu tenho a função de tocar músicas e através das ondas do rádio, e do trabalho de alguém de ter casado perfeitamente 7 notas musicais, eu sinto que tenho o poder de transformar o dia de alguém. Tem música que nos faz rir, tem outras que nos fazem chorar e tem as que nos fazem sentir saudade de alguém ou de nós mesmos, saudade de quem fomos, de uma infância e adolescência bem curtidas, do poder de termos amado tanto e da dor de não termos sabido alimentar um amor. 
   Tenho uma memória musical muito aguçada, quase todas as músicas me fazem lembrar alguém que passou pela minha vida e deixou uma marca especial. Eu dirijo cantando, tomo banho cantando, caminho na rua cantando e dificilmente consigo ouvir uma música sem cantarolar junto estragando com a minha voz e com a minha falta de ritmo toda a obra musical que alguém teve o trabalho de criar. Não me imagino vivendo sem música, não imagino uma vida sem música, um coração que não bata mais forte quando começa AQUELA música, que sem graça seria, que sem compasso seria a vida. A música aproxima de Deus, faz sentir, dá vontade de procurar, perdoar, dançar, cantar, ligar, amar e mais amar. 
   Quantas vezes quando começou aquela melodia tu te pegou fazendo uma cara de pateta e viu surgir um sorriso no canto da boca enquanto pela cabeça passava um filme? Sabe o que é melhor? Que por pior que seja a lembrança quando vem através da música ela se torna boa, a música embala, ameniza, eterniza o que deveria ser ruim da melhor maneira possível. Não interessa pra quem a música tenha sido feita, em quem o autor pensou ao escrever a letra, pra ti ela passa a ser tua quando toca, só tua e faz o resto do mundo sumir durante aquele pedaço de tempo tão mágico. Tem música que faz a minha alma flutuar, o meu coração acelerar e a minha cabeça lembrar. Tem música que me dá vontade de perdoar, de pedir perdão, de escreve, mandar mensagem, ligar e dizer "lembra quantas vezes dançamos felizes?". 
   Existe coisa mais difícil do que escolher uma música para receber o tão batalhado Diploma? Escolher uma música música que resuma tanta história é definitivamente muito complicado, são muitas opções, são muitos capítulos de uma longa história que teve tantas trilhas sonoras, que é resumida por tantos compositores. Escolher uma música para casar, pra comemorar 15 anos, e eu juro, se pudesse, escolherei uma trilha sonora para morrer, que mais leve seria poder morrer com uma música amenizando o momento que aparentemente é trágico. Música é leveza, é ânimo, é esperança renovada, é alegria misturada com tristeza, é melancolia. Música é sentimento, feliz de quem tem a sensibilidade de se deixar ser guiado pelos mais lindos casamentos feitos entre as sete notas musicais. 

domingo, 12 de maio de 2013

Sobre ser mãe

   

  Estou prestes a celebrar o meu 28º dia das mães sem ser mãe e ao mesmo tempo entendendo muito sobre ser mãe. Eu não sou mãe, mas sou boa observadora. Eu não sou mãe, mas tenho uma mãe, uma avó, amigas mães e além disso, tenho ótimos e péssimos exemplos sobre a maternidade. Ser mãe é não ter hora e sempre saber que horas são, sim, mãe não tem hora pra acordar, dormir, comer, mas sempre sabe a hora que o filho deve acordar, estudar, brincar, dormir e comer. Ser mãe é perder o rumo e ao mesmo tempo saber dar rumo a quem não sabe para aonde ir. Ser mãe é ser irresponsável e ter um caminhão de responsabilidades nas costas. Me julguem, estou quase chegando os trinta anos e não tenho filhos, nem sei se terei, mas sei na teoria o que é ser mãe. Ainda que ser mãe não seja receita pronta, não seja uma fórmula que sempre dará certo, dá pra saber ser mãe sem ser, eu sei, talvez não acerte, mas sei como se faz. 
   Mãe nem sempre acerta, aliás, muitas vezes na tentativa de acertar elas erram e erram feio, se culpam pra sempre. Quem é filho e não é mãe, assim como eu, tem a ideia que mãe sempre acerta. Mãe tem pacto com São Pedro, sabe quando chove, quando esfria, quando esquenta. Mãe tem pacto com Deus, sabe quando vai dar certo e quando vai dar merda (ainda que não seja prudente uma mãe usar essa palavra). Mãe tem pacto com Santo Expedito, ela sabe quando a causa é impossível e quando o que nos parece impossível na verdade é algo que basta querermos para que aconteça. Mãe tem GPS, radar, escuta, câmera escondida, elas sempre sabem aonde estamos, com quem, e o que estamos fazendo e falando. 
   Tenho amigas mães que quando me dão conselhos parecem a minha mãe falando comigo, é um lance meio louco, mas eu acredito no que um dia alguém me disse: "com uma criança nasce uma mãe", e é assim mesmo. Mãe é mágica, é palhaça, é vendedora de cachorro-quente, de sonhos, é cartomante, vidente, professora, freira, e até Deus, mãe na verdade é tudo o que a gente precisa. O dia que eu perder a minha mãe eu perco o rumo e eu sei disso, mas ainda assim, ainda que esse ano eu tenha cortado mais uma parte do cordão umbilical quando sai de casa, eu não consigo me imaginar sem a minha mãe. Mãe é segurança na infância, é tudo o que a gente pensa que não precisa na adolescência e é o melhor colo na vida adulta. Mãe sabe, elas sempre sabem, elas sentem, e é por tudo isso e também por todas as palavras que me faltam nesse momento, que eu desejo que Deus abençoe as mães e as faça eternas. Sejam eternas no exemplo, nas palavras, na fé e principalmente no amor. 
   Feliz dia das mães para todas as mulheres que tiveram o útero transformado em casa, a vida transformada em uma bagunça organizada, os compromissos transformados em filhos, o coração tirado do corpo e a eterna insegurança de "será que eles aprenderam?". Sejam sempre mães, que hoje eu tenho certeza que é a melhor coisa que uma mulher pode ser, é a missão mais completa que Deus deu para a mulher, porque até quem não é mãe de sangue acaba sendo mãe de alguém. Feliz dia das mães para a minha e para todas as heroínas desse mundo! 

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Gente que vibra na mesma sintonia

   



   Incrível como tem gente que vibra na mesma sintonia da gente. Tem pessoas com quem precisamos pouco tempo de convívio para entender que a nossa alma aceita, gosta, acarinha e dá a mão. Tem pessoas que entram no nosso círculo de amizades muito sem querer, porque começam a trabalhar na sala da frente, na mesa ao lado, porque um dia dividem a mesma mesa de bar, porque curtem as nossas ideias nas redes sociais e abrem o bate-papo para engatar uma boa e longa conversa. 
   Como é bom ter por perto gente com quem a gente fala pelo olhar, que entende comentários maliciosos sabendo que nem temos tanta malícia assim no coração, não precisamos nem citar nomes e a pessoa sabe de quem estamos falando, pessoas que fazem bem só por estar perto, mesmo estando em silêncio. Não precisamos conviver todos os dias com algumas pessoas para que elas nos façam bem, o simples fato de sabermos que elas existem já nos alivia a alma, já nos coloca um sorriso no canto da boca e acalma o coração.
   Sabe aquelas pessoas que fazem o mais árduo dos dias de trabalho serem leves? Gente que transforma a nossa sobrancelha franzida de preocupação em um sorriso imenso de alegria. Eu aposto que temos uma frequência, uma sintonia, assim como as rádios, e tem pessoas que vibram na mesma sintonia que nós, que sentem as mesmas emoções, que lutam pelos mesmos objetivos, que muitas vezes pensam diferente, mas até isso elas sabem como fazer, sabem como ninguém discordar da gente e nos fazer rever conceitos. Tem gente com quem a gente fica equalizado na mesma frequência e quando queremos sair do rumo elas tocam aquela música que mexe lá no fundo do coração e tudo logo volta pro lugar. 

sábado, 27 de abril de 2013

A dor do erro

   


   Eu tenho mania de dizer "nada me irrita mais do que isso", "nada me magoa mais do que aquilo", eu aumento tudo, eu sofro de exagero extremo pra me referir as minhas coisas, ao que eu penso, ao que eu gosto e ao que eu não gosto, aliás, nada eu não gosto, qualquer coisa que eu não simpatize eu ODEIO. Mesmo tendo sido criada com a minha mãe me repreendendo quando eu dizia "Odeio tal coisa", eu ainda assim continuo odiando demais, mais do que deveria. Mas hoje identifiquei algo que muito me incomoda: ter um erro jogado na cara. Poderia dizer que para uma pessoa orgulhosa como eu, e aposto que como a maioria dos seres humanos, há de se buscar muita humildade interior pra não deixar doer quando o outro diz sem dó nem piedade, sem meias palavras, sem cena, sem atuação que tu errou. Seja mãe, amigo, amante, marido, avó, tio, primo, sobrinho, não importa, como dói ter um erro exposto, ter o reconhecimento público de que somos meros humanos que erramos e erraremos sempre. 
   Não busco a perfeição, seria muita ambição pra um ser tão errante, tão pecadora, e que se contenta em ser um pouquinho melhor todos os dias, mas é difícil ouvir que erramos. Pior ainda é quando não sabemos o caminho de volta, como se redimir, pedir desculpas, como consertar a burrada. A gente tenta todos os dias dar um passo a frente, melhorar isso, abrir mão daquilo, e ter um erro gritado aos quatro ventos é sentir que voltou dez casas no jogo da vida. Ninguém erra por querer, pelo menos eu não, então saber que na tentativa de acertar a gente errou é como tirar nota baixa em uma prova pra qual a gente dedicou semanas e semanas de estudo e daí vem aquela sensação em primeiro lugar de decepção própria e depois da decepção de pai, mãe, familiares e até do professor.
   Eu fui por muitos anos católica, mas sempre questionei a confissão, porque um padre tem que levar os meus pecados pra Deus? Porque precisa um ser humano intervir pra Deus dizer que me perdoa? Sim, e Ele perdoa sempre, Ele nos reconhece pecadores e imperfeitos, então, em qualquer atitude em que eu reconheça que errei eu converso direto com Deus e sinto o perdão Dele em mim. Mas quando a pessoa diz: "tu errou aquela vez, tu fez tal coisa que eu não gostei, tu agiu muito errado com o fulano", eu me sinto sem saída, parece que além de Deus eu devo desculpas a mais alguém, dá vontade de poder voltar e tentar de novo, agora mais consciente, agora mais madura, mas não né?! Não dá. 
   É pesado levar o fardo do erro que não tem conserto, do erro que serviu de lição mas deixou a mágoa no coração de alguém, do erro que deixou uma lembrança ruim, do erro que não permite que alguém nos olhe nos olhos. É pesada a dor do erro, mas que sirva ao menos pra não repeti-lo, pra nunca mais magoar alguém pelo mesmo motivo, pra medir as palavras, pra ser mais contido, pra ser mais humano. Que passe a dor do erro, que saibamos consertá-lo quando possível for, que sejamos melhores, maiores, mais maduros do que ele. Humildade, foco, força, fé, sempre em frente tentando errar menos, e segue a vida!

domingo, 21 de abril de 2013


Tem dias que a alma da gente quer dançar mas a música não toca, a alma se aquieta, se acomoda e senta esperando que a festa recomece. A alma volta a dançar amanhã, tira os sapatos, sente-se mais a vontade de pés descalços, os sapatos pesavam, machucavam, incomodavam e nesse mesmo instante a música toca, a alma dança e dança que cansa, senta, pensa e recomeça. Que saibamos a hora de tirar os sapatos da alma para que ela dance mais leve, mais feliz, mais solta, que ela não tenha dor nem medo e dance, dance e nunca mais pare de dançar.

Naquele tempo

 


   Coisa de velho dizer: "no meu tempo..." mas hoje me vejo no auge dos meus 28 anos dizendo que no meu tempo respeitar pai e minha vinha de berço, ninguém precisava ensinar. Sou do tempo que criança não tinha querer, pouquíssimas se jogavam no chão porque queriam muito alguma coisa e caso isso acontecesse, castigos severos e palmadas doídas faziam com que o fato não mais se repetisse, crianças brincavam na rua de esconde esconde, pega pega, amarelinha, "mamãe quantos passos devo dar?", e eletrônicos não invadiram a nossa infância. Lembro de quando professores sempre tinham razão e notas baixas eram culpa exclusivamente dos alunos, fruto de irresponsabilidades e falta de estudo rendiam longos castigos e o encontro com os livros se tornava obrigatoriamente mais frequente. Vagamente lembro que filhos eram responsabilidade de mães e pais e raramente os avós interferiam na educação das crianças, ser mãe e pai naquele tempo dificilmente acontecia por descuido, e caso acontecesse, prontamente fossem jovens ou velhos, os pais cresciam e assumiam a responsabilidade. Casa de vó era lugar de passeio e restaurantes tinham crianças que ficavam sentadas e comportadas como adultos. 
   Eu ainda lembro que meninas saiam bem vestidas e a roupa tinha que ser aprovada pelo pai, reuniões dançantes tinham meninas de um lado e meninos de outro e quem tomava a iniciativa eram os meninos, elas normalmente eram tímidas. Meninas de 12 anos brincavam de boneca e dificilmente um "tio" se animava a perguntar "e os namorados?" para alguém com menos de 15 anos. Foi naquele tempo que mulher trabalhar fora de casa virou algo normal e elas foram aos poucos conquistando a independência que hoje eu agradeço por ter.    
   Tinha muita coisa legal naquele tempo, tudo era tão diferente, as pessoas pareciam mais sinceras, mais humanas, mais solidárias. Eu não sei se o mundo cresceu demais, se tudo se banalizou demais, só sei que aquele tempo era melhor. Tinham coisas piores, é claro, mas no geral era melhor. Computador era coisa de rico e eram geringonças enormes que ocupavam um grande lugar na sala, mas isso fazia com que as pessoas visitassem mais, procurassem mais, escrevessem mais cartas. Como era a vida antes do google? Há quanto tempo eu não abro um dicionário? Há quanto tempo não chego de surpresa na casa de um amigo? Quantos abraços perdi por comentários fortes em redes sociais? De quantos amigos me reaproximei graças as redes sociais? É estranho, é dúbio, é bizarro pensar como tudo mudou, um pouco pra melhor, um pouco pra pior, muita evolução, um pouco regredimos. 
   Tenho observado tanta menina de polpa de fora e vestindo tão pouca vergonha na cara quanto roupa no corpo, tanto menino que usa o boné pra esconder que homem pode sim e deve amar só uma mulher e isso não torna ele um babaca, tanta criança que comanda a vida da mãe e do pai, tanto pai que solta o espermatozoide e dá no pé, tanta mãe que mata filho, filho que mata mãe e pai por dinheiro, tanta droga, tanta maldade, tanto roubo que chega a dar uma saudade de quando meu coração era inocente e eu não sabia, não queria ver e pensava que nem existia tanta coisa e gente ruim nesse mundão de Deus. 
   O Nando Reis cantou "o mundo é bão Sebastião..." e quer saber? Ele é mesmo, mas tem aqueles dias em que é difícil de ver, perceber, sentir tanta bondade que deve estar travestida de maldade. Tem dias que dói ser gente grande, que dói acreditar em gente ruim, hoje foi um deles, mas passa, vai passar, só precisava mesmo era desabafar. 

segunda-feira, 18 de março de 2013

Sobre ser

   

   Mesmo que não quisesse, fui obrigada a acompanhar a escolha do novo Papa já que os meios de comunicação nos deram pouquíssima opção e além do que, ser alienado no mundo de hoje não cai bem, ainda mais pra uma jornalista como eu. Sinceramente? Simpatizei com Francisco e com a escolha em homenagem a, conforme conta a história, um dos caras mais simples e humanos que o mundo já viu, ouviu, leu e soube. São Francisco vivia a pobreza por opção, amava os animais mostrando como é possível o amor incondicional e falava de paz. Desejo de coração que o Papa Francisco seja 1/3 do que o Santo foi. 
   Tá faltando humildade para a humanidade, tá faltando mais gente que olhe no olho, que se coloque no lugar do outro, que pare pra prestar socorro, que deixe de lado a marca, o preço, a pompa, que saiba descer do salto. Tá faltando mais gente feita de carne e osso, de sentimentos, mais pessoas desprovidas de vaidades, de querer só ter e ter, esquecendo o quanto é essencial o ser. Falta gente que queira se destacar trabalhando, que queira trabalhar para se realizar, que pare de querer o fracasso alheio, que lembre que enquanto um dedo aponta para o julgamento alheio outros três apontam para o julgamento próprio. Faltam pessoas que olhem mais no espelho e menos pro lado, que percebam que não somos cascas, somos uma carga de sentimentos, de emoções, somos uma história, fazemos a nossa história, sofremos, caímos, levantamos, tentamos todos os dias nos superar. 
    Talvez um Papa cheio de bons exemplos, de simplicidade, de mais interesse na humanidade, de mais demonstrações de amor ao próximo ajude a tocar o coração de todos e de cada um. Mais simplicidade, mais amor, mais paz de espírito, mais preocupação com a própria vida, é disso que precisamos, é disso que o mundo tá carente. Que o Espírito Santo ilumine Francisco, que Ele ilumine cada um de nós, que a simplicidade saia do discurso e ganhe a prática, que sirva de inspiração para os nossos dias e que saibamos que temos o mesmo início e teremos o mesmo fim, as contas a serem acertadas com Deus independem do carro que tínhamos, da marca de roupa que usávamos ou de quantos Diplomas conquistamos, a questão é mais profunda e até mais simples do que pensamos. Ele nos quer melhores do que nós mesmos todos os dias, saibamos entender isso, saibamos praticar isso. Que a nossa marca preferida seja o amor ao próximo e que todos os dias tenhamos no mínimo a humildade de questionarmos: "O que Jesus Cristo faria no meu lugar?" Assim seja para Francisco enquanto Papa, assim seja para nós simples mortais. 

sexta-feira, 8 de março de 2013

Mulher macho, sim senhor!






Eu gosto de ser mulher com restrições. Não nasci pra frescurites, pra dar chilique por causa de uma barata, nem pra dar chilique por nada desse mundo. Sou mulher meio macho, sabe?! Acho que mais ou menos como a Pagu, talvez não seja coincidência termos a mesma profissão. Eu gosto de Grêmio, vou ao estádio, xingo, grito, ofendo a senhora mãe do juiz. Eu não gosto de salto alto, e além disso, tenho um problema nos tendões que o uso prolongado de salto alto detona meus pés nada delicados. Eu falo palavrão, só uso maquiagem em ocasiões especiais, não sou viciada em sapatos, mas em bolsas sim. Nunca sonhei usar véu e grinalda, não vivi a busca insana pelo príncipe encantado e nunca me iludi que ele exista, sempre achei as princesas de conto de fadas meio abobadas, sonhadoras e até cansativas. Acho um saco essa coisa de depilação, sobrancelha, unhas e o ciclo mal se encerra e recomeça. Odeio que mexam no meu cabelo, não acho legal passar um dia no salão de beleza, tenho pouquíssima vaidade, entrei apenas uma vez nessa fila antes de nascer. Acho injusto ter que sentir colica, TPM e sangrar pelo menos uma vez por mês. Acho feio mulher grávida, e desumana a dor do parto. Mas enfim, feliz dia internacional da mulher até pra quem não é tão mulher assim como eu.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Gente que vale a pena

   


   Entre tantas espécies em extinção encontra-se a espécie: gente que vale a pena. Tem gente que tem cheiro de dia feliz, gente que olha no olho, que tem cheirinho de chuva, são coloridos como o arco-íris, tem a segurança de um abraço apertado, a confiança de andar de mãos dadas, gente que quando chega parece uma caixinha de música aberta tocando a nossa melodia preferida. Sim, ainda há quem valha a pena, quem comemore as nossas conquistas como se fossem suas, que chore as nossas derrotas sem que saibamos e não nos deixam desanimar, fracassar, cair, há quem sempre tenha a mão estendida, que empresta o ombro pra chorar, que coloca a própria dor no bolso e corre pra nos ajudar. 
   O mundo está perverso, os valores estão perdidos, mas entre tantos que puxam o tapete há quem construa um chão pra nos sentirmos seguros, quem responda o ódio com amor, quem escute mil vezes a mesma história quando parece que isso ajuda a curar a dor, quem tente nos ajudar a entender o que parece não ter explicação. Pessoas simples de coração, grandes de alma, cheias de amor. Ainda há quem queira o nosso bem, a nossa felicidade, que nos queira ver sorrir, amar. Há quem nos ajude a achar solução, a acabar com a solidão, a encher de paz o coração. São essas pessoas que valem a pena, são essas que tem que valer, essas sempre prevalecerão e pouco a pouco e no final das contas elas é que ficam, permanecem, sentam ao nosso lado e escutam pela milésima vez a mesma história e riem e choram como se fosse a primeira. Que eu tenha sempre elas por perto, do lado esquerdo, guardadas a sete chaves.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

50 tons de indignidade

   


   Sou uma amante de livros, uma rata de biblioteca, desde sempre ler é uma das coisas que eu mais gosto de fazer e ao mesmo tempo sempre fui atrasada na moda. Tudo que está em alta, o que todo mundo usa, o filme que todo mundo vê, o livro que todo mundo lê nunca me atrai, sei lá, acho que eu nasci para ser do contra, pois bem, passado um tempo e passada a febre eu até começo a rever a moda por outro ângulo e ela muitas vezes até me ganha. Assim aconteceu com a saga Crepúsculo que eu só assisti o primeiro filme depois que o segundo já tinha sido lançado, assim foi com o sneaker que eu só comprei depois que já estava em promoção, enfim, deu pra entender, neh?! Pois bem, passada um pouco  febre e a loucura das mulheres pela "trilogia dos 50 tons", e apesar de, por tudo o que havia ouvido a respeito, saber que não me agradaria, eu comecei a tentar ler 50 tons de cinza. Primeiro capítulo: ok vou continuar, segundo capítulo confesso que cheguei a pensar que a história iria me ganhar, mas a partir do terceiro capítulo o desinteresse venceu e eu tô lutando pra tentar acabar.
   O que eu me pergunto todos os dias é: Como que em pleno século XXI as mulheres aceitaram uma história de um homem que domina uma mulher? Foi tanta luta, tanta guerra, tanta dor, tanto sofrimento para que as mulheres conseguissem espaço na sociedade, para que as mulheres tivessem vez e voz e agora uma publicação lamentável dessas vira best seller?! Sinceramente eu penso que sou uma das poucas mulheres que comemora a liberdade, que busca ter apenas relações que libertem, que deem asas, que proporcionem voos cada vez mais altos. Desculpem queridas mulheres mas ver a maioria de vocês encantadas com um absurdo literário desses ao qual eu me atrevo a chamar de literatura pornô de baixo calão me faz pensar o pior de vocês, me faz pensar que vocês deveriam ter nascido há alguns séculos e de vocês, 2013 não merecia nem as cinzas. O pornô nem é a pior parte do livro, aliás, se homens podem ter coleção de revistas pornôs, crescer aprendendo a ter prazer com filmes pornôs, isso dá o mesmo direito às mulheres. O pior de tudo, é se encantar com uma história de uma mulher que se submete a um homem, que se deixa ser comandada, maltratada, mal amada. 
   Anastasia (a personagem principal do livro) é a personificação literária da falta de amor próprio, da falta de respeito consigo mesmo, da necessidade de ter alguém para não estar sozinha e ainda assim fingir que é feliz. Eu já escrevi aqui e repito: amor não tem que aprisionar, amor tem que libertar. Uma pena que eu veja tantas Anastasias por aí, que além de idolatrarem os tons de cinza em que o maléfico Sr. Grey transforma em um inferno a vida daquela que ele escolheu como escrava, se prestam a viver histórias assim (um pouco menos intensas e com menos judiarias sexuais) na vida real. 
   Apesar de eu já ter sido chamada de machista aqui, nesse próprio blog, apenas por pensar que mulher tem sim que ter uma certa postura apesar de toda a maravilhosa liberdade que temos, eu não sou a favor do machismo. A única coisa, na minha opinião, realmente inaceitável em uma mulher é vê-la retroceder, se submeter a qualquer coisa pelo o que ela chama de amor, abrir mão de quem e do que gosta porque o outro assim quer, mudar o estilo, o cabelo, largar o emprego, se afastar da família e dos amigos porque alguém decidiu que pode mandar na vida dela. Mulheres que se submetem as vontades dos homens, talvez nem percebam, mas são mulheres visivelmente tristes, apagadas, perdem o brilho no olhar, perdem a beleza do viver e realmente passam a representar 50 tons de cinza perdendo todo o colorido que o amor deve acrescentar na vida.
   Eu não li todo o livro, mas já li o suficiente para ter uma opinião e ter falta de vontade de sobra para continuar lendo, talvez eu nunca acabe esse livro, e assim jamais entenderei quem conseguiu ler a trilogia, mas como gosto é gosto nem cabe a mim tentar entender. Acho muito atraso idolatrar um livro tão machista, tão violento, que coloca a mulher como objeto, que faz a mulher voltar para uma época em que não tinha valor algum e só servia para procriar. Lembrando que essa é a minha análise e a minha opinião sobre a "obra" (me dói chamar assim) que eu comecei a ler para poder opinar e a qual talvez eu nunca consiga acabar por pura indignação. Enquanto tantas mulheres lutam para se livrar da violência que sofrem todos os dias, outras tantas se submetem por livre escolha a viver um "amor violento". Lamentável.
   

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A sina da sorte difícil

   


   Dia desses estava conversando com uma amiga sobre como algumas pessoas tem sorte fácil na vida, como as coisas são fáceis pra elas, ganham carro, apartamento, facilmente mudam de emprego sempre pra melhor, ganham rifa, bingo e se bobear até a mega sena. Pessoas que dificilmente enfrentam fila, a máquina do cartão nunca trava com elas, o pneu nunca fura, o carro não estraga, não sabem a dor de bater o minguinho na quina do sofá, enfim, pessoas que estão sempre em cima do salto, sempre lindas, maquiadas, cabelo escovado, tiram férias todos os anos, enfim, nasceram com a brilhante estrela da sorte e das conquistas fáceis. 
   Outras no entanto vivem de teimosas, penam uma vida inteira trabalhando pra tentar adquirir ou um carro (normalmente usado) ou uma casinha simples em um bairro bem distante do centro da cidade, nunca na vida ganham nem bingo doce, vivem batendo o minguinho em qualquer quina que exista no mundo, a máquina de café engole a moeda e não serve o café, demoram anos pra tentar conseguir uma mísera carteira de motorista, na vez delas na fila do mercado sempre acaba o troco, a bobina do papel ou a pessoa da frente resolve conferir um por um dos ítens da nota. Sou dessas pessoas que no fundo não posso reclamar da vida, apesar de todas as "ites" que me acompanham eu tenho saúde, sempre consegui emprego, tenho uma família que briga mas preza pelo amor, e esse texto nem tem a intenção de ser uma reclamação, apenas uma constatação. 
   Sou uma pessoa que não consegue as coisas da maneira mais fácil, entre dois caminhos eu acabo indo, mesmo sem querer, pelo mais difícil. Eu sou filha de um casal que não podia ter filhos, minha mãe achou que eu era tumor, me descobriu aos 5 meses de gravidez e eu nasci um dia antes do limite final imposto pela médica, nasci com os pés tortos e usei botinas muito pesadas, vivia caindo ao bater um joelho no outro, meu pai me fez gremista (nunca vi o meu time ganhar sem sofrimento), enfim, eu chego aos 28 anos e 1 mês por pura teimosia e nada mais. 
   É bem verdade que as coisas batalhadas, suadas, sofridas tem um gostinho bom no final, mas não posso dizer que é melhor que o gosto das coisas fáceis, porque nada, nunca aconteceu da maneira mais fácil pra mim. Não me acho infeliz por isso, pelo contrário, prefiro agradecer do que reclamar, mas seria legal que pelo menos uma vez alguma coisa fosse fácil. Coisas inacreditáveis acontecem comigo todos os dias e eu olho pro céu e penso: Pô, valeu por achar que eu sou forte. Sim, só pode ser isso, a carga é sempre pesada porque, aos olhos de Deus, tenho ombros fortes, e na verdade acho que tenho mesmo. Apesar dos empecilhos, das dificuldades, dos degraus altos, eu nunca desisto, sigo subindo, às vezes subo um e caio três, mas recupero as forças e volto a subir. 
   Pessoas assim como eu, assim como a amiga com quem eu sempre falo esse assunto, quando conseguem algo, mesmo com muita dificuldade, ainda precisam enfrentar a inveja, sim, ainda tem isso. Sempre tem alguém que olha e diz: Como ela conseguiu? Como ela chegou lá? Mas que guria de sorte! Deixa que pensem assim, deixa que invejem, minha sorte é fraca mas meu santo é forte e nunca me abandona. Aos que tem a sorte fácil sempre, confesso a minha inveja branca(aquela que é do bem), aos que tem a sorte sofrida e vivem sempre na esperança de achar a quarta folha do trevo, assim como eu, desejo força para que a gente não desista nunca e que no final sempre valha a pena. 

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Nem sempre o final importa

 

   Ah, os finais! De novela, livros, filmes, amizades, namoros. Finais de ficção normalmente são felizes, diferente dos finais da vida da gente, mas ainda assim, nem sempre nos agradam. Muitas vezes acaba a novela e nós ficamos reclamando que o Fulano devia ter ficado com a Fulana e não com a Ciclana, a mesma coisa com os filmes, com os livros e mais ainda com a nossa vida. Mas o que na maioria das vezes não pensamos é se, independente do final, a história valeu a pena. Temos o costume de lamentar os finais e esquecer o resto da história.  
   O namoro acabou, depois de uma super fossa, a pessoa se recupera, parte pra outra ainda melhor, percebe que foi até melhor aquele outro namoro ter acabado e ponto final. Mas cada pessoa que passa pela nossa vida deixa alguma lição, nos faz crescer, nos faz querer ser melhor, ou pelo menos deveria. Até mesmo aquelas pessoas que parece que infernizam a nossa vida só pelo fato de existirem, até essas nos ensinam muito, fazem com que a gente queira se superar, com que a gente saia da zona de conforto, com quem a gente levante a bunda do sofá e vá encarar os obstáculos, até o pior dos inimigos, o mais detestável dos seres humanos tem um papel importante na nossa vida. Isso é claro, se a gente souber usar as pessoas e os momentos ruins a nosso favor. 
   Mas voltando aos finais, eles nem sempre são tudo, nem sempre são finais, eles carregam consigo uma história, se acabou é porque um dia existiu, se existiu é porque foi bom ou ruim, mas foi. No meu aniversário eu ganhei, de uma amiga muito querida, um livro, um dos muitos do Nicholas Sparks, de quem sou cada dia mais fã. Comecei a ler o livro mas a leitura não me prendia, não parecia interessante, mas ainda assim eu segui em frente, até porque o Nicholas sempre dá um jeito de surpreender, foi quando o final da história valeu o livro inteiro. E é assim, na vida é assim, nem sempre o final importa, mas às vezes ele pode definir muitas coisas. 
   Aposto que ninguém gosta de acabar, pois eu adoro, tanto quanto gosto de começar. Como assim? Acabar o que? Acabar tudo, absolutamente tudo o que tiver que ser acabado, tudo o que estiver sobrando, incomodando, atravancando o caminho do crescimento. Acabar pra recomeçar, acabar pra mandar embora, acabar pra lembrar, acabar pra crescer, evoluir, bater asas e voar. Eu adoro segundas-feiras, chamem-me de louca se quiserem, mas elas possibilitam o recomeço, depois da pausa sempre necessária, é hora de recomeçar, é a chance de fazer diferente. Tudo o que desejamos e prometemos a cada início de ano, ficaria mais leve se dividíssemos ao longo dos começos de semana, aquela dieta, a academia, a ligação pra alguém distante, o email de perdão pra amiga que apesar da briga faz falta, o passeio com a avó, a viagem tão sonhada, e assim por diante, uma semana para cada meta e cumpriríamos um ano de promessas. 
   Que saibamos acima de tudo não lamentar os finais, que possamos olhar as fotos do(s) ex namorado(s), ex amigo(s), os emails antigos e definitivos, os materiais do ex emprego, e tudo o que acabou, de uma maneira leve, com olhos de aprendizado, com a sensação de o melhor está por vir. Que a gente não se detenha nas lembranças da última discussão, que a gente não lembre só da carta de demissão, nem do último adeus, que a gente possa sempre lembrar de cada dia, de cada bom e ruim momento, e que saibamos que o final é um mero detalhe que muitas vezes é melhor até que seja esquecido. 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013



Eu tenho pena quando vejo que as pessoas esquecem que a vida é uma roda gigante que está girado constantemente, portanto, nenhum lugar é fixo, nem em cima nem embaixo e quando essa roda gira nós passamos uns pelos outros, e ela gira de novo e nos passamos de novo. Devemos saber que um dia precisaremos de todo mundo, mas todo mundo mesmo, assim sendo, é melhor que saibamos semear bons sentimentos, boas lembranças até mesmo a quem tenta todos os dias nos fazer mal. Fico triste quando vejo pessoas que eu julgava grandiosas de alma terem atitudes pequenas e mesquinhas, é uma pena que as aparências enganem e que as palavras muitas vezes sejam só palavras e não entrem nunca em ação. Falar bonito qualquer um fala, mas merece destaque quem consegue colocar em prática cada bela palavra que diz ao longo da vida. Mas quem sou eu para julgar ou desejar mal pra alguém? Deus é o único que pode se achar superior porque realmente É superior a todos nós, assim sendo, deixo que Ele no alto da sua grandeza assista ao espetáculo da nossa vida e devolva a cada um o reflexo de suas ações.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Pra falar de amizade

 

   2012 se foi, 2013 chega com esperança renovadas, é engraçado como a mudança de um número parece que muda tudo, parece que tudo de ruim vai embora pra coisas melhores chegarem. Refleti muito sobre o ano passado, foi um ano de altos e baixos, um ano em que mudanças se fizeram necessárias e o melhor é que eu percebi que posso mudar sempre que quiser, mudar pra ser melhor pra mim, pra quem me ama e até pra quem me odeia. Mas de tudo mesmo, o que mais marcou meu ano foram as amizades.
   Em 2012 eu vi escorrer pelo meio dos dedos amizades que eu julgava consolidadas, pessoas que eu desejava ter pra sempre por perto, em contrapartida eu ganhei novos amigos, algumas pessoas de quem eu nunca imaginei me aproximar acabaram virando amigos especiais. Tive momentos difíceis e quando olhei pro lado estava cercada de pessoas me estendendo a mão, oferecendo o ombro, dando palavras de apoio. Tive momentos de alegria e quando percebi tinham milhares de mãos estendidas segurando copos pra brindar comigo. Em termos de amizade posso dizer que acabei o ano com saldo muito positivo (graças a Deus).
   Por mais de um momento eu pude olhar pra cima e agradecer a Deus por me manter cercada de anjos humanos e ao mesmo tempo pedi que Ele cuidasse de todos os meus bons amigos. Descobri pessoas com quem eu tenho uma sintonia especial, pessoas que contam histórias muito semelhantes as que eu já vivi, pessoas que me entendem e me aceitam como eu sou, e mais do que isso, pessoas que me olham no olho e tem coragem de dizer: "o caminho não é esse, vai por ali" ou então: "vai ser melhor se tu mudar, esse jeito de ser só te faz mal." Pessoas que sentem quando eu preciso, que se fazem presentes mesmo ausentes, que estão perto por mais que a distância física nos separe.
   Consegui acabar o ano pedindo desculpa, dando o braço a torcer e assumindo meus erros, e no final, ficou do meu lado quem soube dar mais valor ao que eu tenho de bom e deixou de lado a minha versão mais "diabólica". Sinto por quem decidiu partir, mas prefiro valorizar quem escolheu ficar. Da mesma maneira tentei ver as pessoas com olhos de amor, resolvi rever conceitos e reformulá-los, resolvi tentar amar por amar sem esperar nada em troca, dei novas chances pra pessoas que não me conquistaram na primeira conversa. Me decepcionei com pessoas em quem eu achava que podia confiar, e aprendi que nem todo mundo quer o meu bem e não transformei isso num drama, pelo contrário, levo como lição de vida.
   Por mais de uma vez durante o encontro com amigos eu senti meu olho brilhar e a felicidade transbordar por ter tantas pessoas maravilhosas ao meu redor. De longe o que mais marcou meu ano foi a amizade e eu espero sinceramente que ela siga marcando a minha vida pra sempre, porque rico é quem possui verdadeiros e valiosos amigos, assim sendo me considero milionária.
   Em 2013 permita-se conhecer novas pessoas, ver as velhas com outros olhos, dar novas chances, afinal, todo mundo merece. Regue a plantinha da amizade porque ela cresce, se fortalece e dá ótimos frutos, que se forem podres acabam caindo do pé e morrendo, enquanto os outros crescem e alimentam nossos bons sentimentos todos os dias com pequenas e grandes atitudes de amor e sinceridade. Feliz 2013 cheio de amigos!!
 
Quando a gente tá em sintonia com Deus tudo fica mais fácil, tudo flui, todos os desejos se realizam, ou pelo menos os que Ele julga que são para o nosso bem!