sábado, 27 de abril de 2013

A dor do erro

   


   Eu tenho mania de dizer "nada me irrita mais do que isso", "nada me magoa mais do que aquilo", eu aumento tudo, eu sofro de exagero extremo pra me referir as minhas coisas, ao que eu penso, ao que eu gosto e ao que eu não gosto, aliás, nada eu não gosto, qualquer coisa que eu não simpatize eu ODEIO. Mesmo tendo sido criada com a minha mãe me repreendendo quando eu dizia "Odeio tal coisa", eu ainda assim continuo odiando demais, mais do que deveria. Mas hoje identifiquei algo que muito me incomoda: ter um erro jogado na cara. Poderia dizer que para uma pessoa orgulhosa como eu, e aposto que como a maioria dos seres humanos, há de se buscar muita humildade interior pra não deixar doer quando o outro diz sem dó nem piedade, sem meias palavras, sem cena, sem atuação que tu errou. Seja mãe, amigo, amante, marido, avó, tio, primo, sobrinho, não importa, como dói ter um erro exposto, ter o reconhecimento público de que somos meros humanos que erramos e erraremos sempre. 
   Não busco a perfeição, seria muita ambição pra um ser tão errante, tão pecadora, e que se contenta em ser um pouquinho melhor todos os dias, mas é difícil ouvir que erramos. Pior ainda é quando não sabemos o caminho de volta, como se redimir, pedir desculpas, como consertar a burrada. A gente tenta todos os dias dar um passo a frente, melhorar isso, abrir mão daquilo, e ter um erro gritado aos quatro ventos é sentir que voltou dez casas no jogo da vida. Ninguém erra por querer, pelo menos eu não, então saber que na tentativa de acertar a gente errou é como tirar nota baixa em uma prova pra qual a gente dedicou semanas e semanas de estudo e daí vem aquela sensação em primeiro lugar de decepção própria e depois da decepção de pai, mãe, familiares e até do professor.
   Eu fui por muitos anos católica, mas sempre questionei a confissão, porque um padre tem que levar os meus pecados pra Deus? Porque precisa um ser humano intervir pra Deus dizer que me perdoa? Sim, e Ele perdoa sempre, Ele nos reconhece pecadores e imperfeitos, então, em qualquer atitude em que eu reconheça que errei eu converso direto com Deus e sinto o perdão Dele em mim. Mas quando a pessoa diz: "tu errou aquela vez, tu fez tal coisa que eu não gostei, tu agiu muito errado com o fulano", eu me sinto sem saída, parece que além de Deus eu devo desculpas a mais alguém, dá vontade de poder voltar e tentar de novo, agora mais consciente, agora mais madura, mas não né?! Não dá. 
   É pesado levar o fardo do erro que não tem conserto, do erro que serviu de lição mas deixou a mágoa no coração de alguém, do erro que deixou uma lembrança ruim, do erro que não permite que alguém nos olhe nos olhos. É pesada a dor do erro, mas que sirva ao menos pra não repeti-lo, pra nunca mais magoar alguém pelo mesmo motivo, pra medir as palavras, pra ser mais contido, pra ser mais humano. Que passe a dor do erro, que saibamos consertá-lo quando possível for, que sejamos melhores, maiores, mais maduros do que ele. Humildade, foco, força, fé, sempre em frente tentando errar menos, e segue a vida!

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