segunda-feira, 29 de abril de 2013

Gente que vibra na mesma sintonia

   



   Incrível como tem gente que vibra na mesma sintonia da gente. Tem pessoas com quem precisamos pouco tempo de convívio para entender que a nossa alma aceita, gosta, acarinha e dá a mão. Tem pessoas que entram no nosso círculo de amizades muito sem querer, porque começam a trabalhar na sala da frente, na mesa ao lado, porque um dia dividem a mesma mesa de bar, porque curtem as nossas ideias nas redes sociais e abrem o bate-papo para engatar uma boa e longa conversa. 
   Como é bom ter por perto gente com quem a gente fala pelo olhar, que entende comentários maliciosos sabendo que nem temos tanta malícia assim no coração, não precisamos nem citar nomes e a pessoa sabe de quem estamos falando, pessoas que fazem bem só por estar perto, mesmo estando em silêncio. Não precisamos conviver todos os dias com algumas pessoas para que elas nos façam bem, o simples fato de sabermos que elas existem já nos alivia a alma, já nos coloca um sorriso no canto da boca e acalma o coração.
   Sabe aquelas pessoas que fazem o mais árduo dos dias de trabalho serem leves? Gente que transforma a nossa sobrancelha franzida de preocupação em um sorriso imenso de alegria. Eu aposto que temos uma frequência, uma sintonia, assim como as rádios, e tem pessoas que vibram na mesma sintonia que nós, que sentem as mesmas emoções, que lutam pelos mesmos objetivos, que muitas vezes pensam diferente, mas até isso elas sabem como fazer, sabem como ninguém discordar da gente e nos fazer rever conceitos. Tem gente com quem a gente fica equalizado na mesma frequência e quando queremos sair do rumo elas tocam aquela música que mexe lá no fundo do coração e tudo logo volta pro lugar. 

sábado, 27 de abril de 2013

A dor do erro

   


   Eu tenho mania de dizer "nada me irrita mais do que isso", "nada me magoa mais do que aquilo", eu aumento tudo, eu sofro de exagero extremo pra me referir as minhas coisas, ao que eu penso, ao que eu gosto e ao que eu não gosto, aliás, nada eu não gosto, qualquer coisa que eu não simpatize eu ODEIO. Mesmo tendo sido criada com a minha mãe me repreendendo quando eu dizia "Odeio tal coisa", eu ainda assim continuo odiando demais, mais do que deveria. Mas hoje identifiquei algo que muito me incomoda: ter um erro jogado na cara. Poderia dizer que para uma pessoa orgulhosa como eu, e aposto que como a maioria dos seres humanos, há de se buscar muita humildade interior pra não deixar doer quando o outro diz sem dó nem piedade, sem meias palavras, sem cena, sem atuação que tu errou. Seja mãe, amigo, amante, marido, avó, tio, primo, sobrinho, não importa, como dói ter um erro exposto, ter o reconhecimento público de que somos meros humanos que erramos e erraremos sempre. 
   Não busco a perfeição, seria muita ambição pra um ser tão errante, tão pecadora, e que se contenta em ser um pouquinho melhor todos os dias, mas é difícil ouvir que erramos. Pior ainda é quando não sabemos o caminho de volta, como se redimir, pedir desculpas, como consertar a burrada. A gente tenta todos os dias dar um passo a frente, melhorar isso, abrir mão daquilo, e ter um erro gritado aos quatro ventos é sentir que voltou dez casas no jogo da vida. Ninguém erra por querer, pelo menos eu não, então saber que na tentativa de acertar a gente errou é como tirar nota baixa em uma prova pra qual a gente dedicou semanas e semanas de estudo e daí vem aquela sensação em primeiro lugar de decepção própria e depois da decepção de pai, mãe, familiares e até do professor.
   Eu fui por muitos anos católica, mas sempre questionei a confissão, porque um padre tem que levar os meus pecados pra Deus? Porque precisa um ser humano intervir pra Deus dizer que me perdoa? Sim, e Ele perdoa sempre, Ele nos reconhece pecadores e imperfeitos, então, em qualquer atitude em que eu reconheça que errei eu converso direto com Deus e sinto o perdão Dele em mim. Mas quando a pessoa diz: "tu errou aquela vez, tu fez tal coisa que eu não gostei, tu agiu muito errado com o fulano", eu me sinto sem saída, parece que além de Deus eu devo desculpas a mais alguém, dá vontade de poder voltar e tentar de novo, agora mais consciente, agora mais madura, mas não né?! Não dá. 
   É pesado levar o fardo do erro que não tem conserto, do erro que serviu de lição mas deixou a mágoa no coração de alguém, do erro que deixou uma lembrança ruim, do erro que não permite que alguém nos olhe nos olhos. É pesada a dor do erro, mas que sirva ao menos pra não repeti-lo, pra nunca mais magoar alguém pelo mesmo motivo, pra medir as palavras, pra ser mais contido, pra ser mais humano. Que passe a dor do erro, que saibamos consertá-lo quando possível for, que sejamos melhores, maiores, mais maduros do que ele. Humildade, foco, força, fé, sempre em frente tentando errar menos, e segue a vida!

domingo, 21 de abril de 2013


Tem dias que a alma da gente quer dançar mas a música não toca, a alma se aquieta, se acomoda e senta esperando que a festa recomece. A alma volta a dançar amanhã, tira os sapatos, sente-se mais a vontade de pés descalços, os sapatos pesavam, machucavam, incomodavam e nesse mesmo instante a música toca, a alma dança e dança que cansa, senta, pensa e recomeça. Que saibamos a hora de tirar os sapatos da alma para que ela dance mais leve, mais feliz, mais solta, que ela não tenha dor nem medo e dance, dance e nunca mais pare de dançar.

Naquele tempo

 


   Coisa de velho dizer: "no meu tempo..." mas hoje me vejo no auge dos meus 28 anos dizendo que no meu tempo respeitar pai e minha vinha de berço, ninguém precisava ensinar. Sou do tempo que criança não tinha querer, pouquíssimas se jogavam no chão porque queriam muito alguma coisa e caso isso acontecesse, castigos severos e palmadas doídas faziam com que o fato não mais se repetisse, crianças brincavam na rua de esconde esconde, pega pega, amarelinha, "mamãe quantos passos devo dar?", e eletrônicos não invadiram a nossa infância. Lembro de quando professores sempre tinham razão e notas baixas eram culpa exclusivamente dos alunos, fruto de irresponsabilidades e falta de estudo rendiam longos castigos e o encontro com os livros se tornava obrigatoriamente mais frequente. Vagamente lembro que filhos eram responsabilidade de mães e pais e raramente os avós interferiam na educação das crianças, ser mãe e pai naquele tempo dificilmente acontecia por descuido, e caso acontecesse, prontamente fossem jovens ou velhos, os pais cresciam e assumiam a responsabilidade. Casa de vó era lugar de passeio e restaurantes tinham crianças que ficavam sentadas e comportadas como adultos. 
   Eu ainda lembro que meninas saiam bem vestidas e a roupa tinha que ser aprovada pelo pai, reuniões dançantes tinham meninas de um lado e meninos de outro e quem tomava a iniciativa eram os meninos, elas normalmente eram tímidas. Meninas de 12 anos brincavam de boneca e dificilmente um "tio" se animava a perguntar "e os namorados?" para alguém com menos de 15 anos. Foi naquele tempo que mulher trabalhar fora de casa virou algo normal e elas foram aos poucos conquistando a independência que hoje eu agradeço por ter.    
   Tinha muita coisa legal naquele tempo, tudo era tão diferente, as pessoas pareciam mais sinceras, mais humanas, mais solidárias. Eu não sei se o mundo cresceu demais, se tudo se banalizou demais, só sei que aquele tempo era melhor. Tinham coisas piores, é claro, mas no geral era melhor. Computador era coisa de rico e eram geringonças enormes que ocupavam um grande lugar na sala, mas isso fazia com que as pessoas visitassem mais, procurassem mais, escrevessem mais cartas. Como era a vida antes do google? Há quanto tempo eu não abro um dicionário? Há quanto tempo não chego de surpresa na casa de um amigo? Quantos abraços perdi por comentários fortes em redes sociais? De quantos amigos me reaproximei graças as redes sociais? É estranho, é dúbio, é bizarro pensar como tudo mudou, um pouco pra melhor, um pouco pra pior, muita evolução, um pouco regredimos. 
   Tenho observado tanta menina de polpa de fora e vestindo tão pouca vergonha na cara quanto roupa no corpo, tanto menino que usa o boné pra esconder que homem pode sim e deve amar só uma mulher e isso não torna ele um babaca, tanta criança que comanda a vida da mãe e do pai, tanto pai que solta o espermatozoide e dá no pé, tanta mãe que mata filho, filho que mata mãe e pai por dinheiro, tanta droga, tanta maldade, tanto roubo que chega a dar uma saudade de quando meu coração era inocente e eu não sabia, não queria ver e pensava que nem existia tanta coisa e gente ruim nesse mundão de Deus. 
   O Nando Reis cantou "o mundo é bão Sebastião..." e quer saber? Ele é mesmo, mas tem aqueles dias em que é difícil de ver, perceber, sentir tanta bondade que deve estar travestida de maldade. Tem dias que dói ser gente grande, que dói acreditar em gente ruim, hoje foi um deles, mas passa, vai passar, só precisava mesmo era desabafar.