domingo, 1 de setembro de 2013

"...eu trocaria a eternidade por essa noite..."





                                           


   Eu sempre digo que moro geograficamente muito mal situada. Além da minha cidade ser muito fria entre maio e agosto e eu detestar frio, é uma cidade que fica perto da ponta do Brasil, mais especificamente situada ao sul do Rio Grande do Sul. Bagé poderia ser a primeira cidade do Brasil, mas com o tempo que as novidades demoram para chegar por aqui eu considero que somos uma das últimas cidades, talvez do mundo. Ok, estou exagerando, existem lugares piores por aí. Mas enfim, por tudo isso e mais um pouco, desde o ano passado, tenho me sentido abençoada. Depois de muitos anos a minha cidade voltou a ser inserida no mapa por onde passam grandes shows de rock. Como relatei aqui na época, em 2012 Bagé recebeu Capital Inicial e Charlie Brown Jr e eu já me contei bem feliz, pensei que talvez parasse por aí, mas para a minha total surpre sa e felicidade plena, ontem nada mais nada menos do que José Fernando Gomes dos Reis, que atende pelo nome artístico de Nando Reis e pelo carinhoso apelido de Ruivão, estremeceu o palco do Ginásio Presidente Médici. 
   Confesso que quando eu soube que o Nando viria criei uma expectativa imensa, já que sou muito fã do trabalho do cara, mas ao mesmo tempo senti um certo medo de, sei lá, me decepcionar por não ser tão bom vê-lo ao vivo, mas enfim, os dois longos meses de expectativa e frio intenso passaram. O calor apareceu trazendo com ele o Ruivão. O tão esperado 31 de agosto chegou com sol, calor e um nó de emoção na garganta, além de ver o show eu ganhei a oportunidade de conhecer o cara ao vivo, falar com ele, tirar uma foto, pedir um autógrafo. Limpei meu all star, carreguei a bateria da câmera e do celular, organizei os sentimentos, pintei as unhas, cortei o cabelo, vesti o meu melhor estilo tiete de estrelas do rock e quando a noite chegou parti, com o meu amor (aliás Nando Reis embala toda a nossa história) e mais dois bons amigos rumo ao show. Lá chegando, outros bons amigos já haviam escolhido uma das melhores mesas, que nos deixaria a apenas alguns metros do cara. Entre muitos papos, risadas de nervosismo, fotografias, copos de cerveja, o tempo foi passando e chegou a hora de ir ao camarim. 
    Todo o caminho tem uma pedra, no caso de ontem, tinha uma produtora grosseira e que fez questão de nos tratar como uns pobre-coitados que estavam incomodando um famoso. Nos fez largar câmera, celular e caneta. Fotos só poderiam ser tiradas pelo fotógrafo oficial da produção e autógrafos estavam proibidos. E ali ficamos, todos um pouco indignados, mas com esperança de que quem realmente nos interessava não fosse tão mala assim. Enquanto esperava sentia as minhas pernas tremerem e o coração acelerar cada vez mais, quando entramos no camarim ali estava um Ruivão sorridente e muito solícito e, sim, ele topou autografar o meu all star, simplesmente baixou e seguiu assinando, adorou a camiseta do Guarany que um amigo meu deu pra ele, conversou sobre futebol, agradeceu o carinho e reforçou ali a minha eterna admiração.
    Passada a emoção do autógrafo, do encontro, do stress com a produtora, era a hora do tão esperado show, pontualmente a meia-noite ele entrou no palco. Nando entrou direto cantando, sem dirigir um palavra sequer ao público que o esperava ansioso. Senti medo que ele fosse ser assim durante todo o show, mas como bom capricorniano que é, assim que sentiu o clima e percebeu que estava realmente agradando ele conversou e seguiu entre um papo e outro cantando o repertório que fez um perfeito passeio por toda a carreira dele, passando pela época dos Titãs, e fazendo com que todo mundo cantasse suas músicas mais conhecidas além de apresentar algumas do novo trabalho e não deixou de passar parcerias como as que teve com Cássia Eller e a mais atual com Roberta Campos. A energia boa do cara logo passa para o público, as guias de proteção penduradas no pedestal do microfone deixam claro o lado místico dele, muito presente também em muitas das músicas. 
   Quando olhei para os lados e percebi que adolescentes, com no máximo 14 anos gritavam, cantavam e choravam, senti uma estranha esperança de que nem tudo esteja perdido, de que, sim, o rock ainda vive e viverá para sempre. A banda do cara, intitulada "os Infernais", é igualmente talentosa e deixa qualquer um que goste ou entenda um pouco de música de boca aberta. Eu tive uma única sensação de que eu queria que aquele show não acabasse nunca, que ele tocasse e cantasse pelo resto de todas as noites e dias da minha vida, ali, assim, ao vivo. A vontade é de falar muita coisa, mas nenhuma palavra seria capaz de expressar o meu sentimento de gratidão a Deus por poder viver e sentir esse inesquecível show, o melhor show de rock que eu já vi, vivi e senti. Obrigada Nando Reis! Vida longa ao rock! 

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