sexta-feira, 26 de julho de 2013

Para as minhas maiores saudades

   


   Tive uma infância feliz, fui uma criança abençoada, eu tive três pares de avós, pude conviver com um bisavô e duas bisavós e tenho tantas lembranças dos nossos momentos. Os meus avós e bisavós me fizeram uma criança mais feliz, trataram de cumprir o papel que lhes cabia e faziam todas as minhas vontades. Lembro do meu avô Sebastião dando dinheiro pra gente comprar doces, o vô Avancini nos levando café na cama quando dormíamos lá, a vó Lena fazendo morango com chocolate porque nós gostávamos, a vó Renata e o vô Horácio que não sabiam o que fazer para nos agradar quando íamos visitá-los, a bivó Auta e suas deliciosas balas de mel e a mania de dizer pro pai e pra mãe "não briguem com as guriazinhas na minha casa nem na minha frente", os presentinhos da vó Aracy, o carinho do vô Chico, a vó Conceição que até hoje dá um jeito de fazer as minhas vontades e cumprir o papel de única avó ainda presente na minha vida. Eu vejo até hoje a minha mãe falar com tanto carinho da vó dela que foi como mãe, e de alguma maneira também amo a bivó Orfelina mesmo sem tê-la conhecido. É engraçado, hoje, eu só tenho comigo a minha vó Conceição, mas todos os outros, são tão presentes na minha vida mesmo com tamanha ausência.
   Lembro quando eles se foram, lembro da dor da perda de cada um, alguns e senti mais outros menos, por questão de idade e de convivência. Nunca esqueço que a minha primeira perda mais impactante foi a vó Auta, e como foi difícil assimilar a ausência dela que passava todos os finais de semana lá em casa, mas depois disso fiquei mais calejada mas não menos capaz de sentir essa dor várias outras vezes em todas as outras despedidas que se fizeram inevitáveis e me ensinaram a lidar com essa sofrida ausência.
   Se por um lado ter a minha avó Conceição perto é a maior bênção, a falta dos meus outros avós é a minha maior saudade. Faz falta o carinho, o apoio, os mimos, as lições. Os domingos de inverno ficaram mais vazios sem os deliciosos e inesquecíveis mocotós da vó Lena regados a muitos mimos do vô Avancini, a Santa Clotilde nunca mais foi a mesma sem a presença marcante do vô Bastião, os finais de semana lá em casa ficaram com uma lacuna sem a vó Auta, passar em Guaíba e não ter motivo para chegar porque o vô Horácio e a vó Renata não estão mais lá se tornou angustiante, os sábados pela manhã ficaram sem som por não terem mais o canto dos canarinhos da vó Aracy e é assim, sou cheia de lembranças deles, lembranças saudosas, maravilhosas, porém doídas. Sempre penso que se eles estivessem aqui seria mais fácil ser adulta, é na casa da Dona Conceição que eu encontro um pouco de todos eles, que eu mato um pouco a saudade, são os passeios com ela que me fazem voltar de alguma maneira a encontrar aquela criança que foi tão mimada e tão feliz. 
   Sou feliz por tê-los tido comigo, sou triste por tê-los perdido, mas serei sempre grata por tudo o que me ensinaram e por eu ter sabido valorizá-los em vida, por ter curtido cada segundo de amor, de paz, de tantas lições de vida. Poderia ser pior, mas não é porque a vó Conceição tava ali para me ajudar a superar cada perda e para me ensinar que a morte talvez não seja tão ruim quanto nos parece, ela segurou o meu Diploma junto comigo, ela esteve lá quando eu decidi ter a minha casa, me aconselhou, ajudou, incentivou, e ela está aqui para que eu possa ter ainda mais motivos para comemorar o dia dedicado a esses seres de luz que são os avós. Amo vocês, porque o que eu sou hoje é o que cada um de vocês foi e sempre será para mim! Feliz dia dos avós para os meus, para os nossos, para todos os que nos ajudam a construir a nossa história de vida! 

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito lindo Buca...
Meu avo angelo se foi quand eu tinha 7 anos e ate hoje penso, que se ele estivesse aqui, tudo seria diferente, como tu disse.. seria mais facil ser adulta...e ele ainda me faz muita falta.
Lutieli Gunsch