terça-feira, 10 de julho de 2012

Maldita inocência

    






    Não sou uma pessoa perfeita, longe disso, já escrevi aqui sobre alguns dos meus defeitos e ainda tenho outros que renderiam no mínimo mais 100 textos. Mas também preciso saber exaltar as minhas qualidades e eu considero qualidade ser uma pessoa inocente. Sim, sou bocó, abobada, chamem como quiserem, também posso definir como pessoa de bom coração, ou então, ser humano que acredita nos outros, acho que estou em extinção. Ok, não sou aquele tipo: Ó meu Deus, como ela é maravilhosa a ponto de não odiar ninguém. Não vamos exagerar, eu odeio algumas pessoas e tem outras por quem sinto uma forte antipatia, mas acho que não me animaria por exemplo, a matar alguém, nunca senti esse tipo de ódio que deve ser horrível e passível se arrependimento total depois do crime.
    Mas eu acho que dentro de toda a maldade que eu tenho, sim, eu tenho, eu ainda sou muito inocente pra certas coisas. Vamos aos exemplos idiotas, se uma pessoa curte as minhas postagens no facebook, a próxima vez que eu passar por ela na rua vou cumprimentar toda faceira, como se tivéssemos alguma relação, nem que seja virtual, e o que eu recebo em troca na maioria das vezes?! Quando muito uma abertura entre os lábios que deixa escapar um oi e na hora me faz pensar esbravejando: "Eu vou te excluuiiirrr do facebook sua desagraçada." Ok, depois passa a raiva momentânea e eu penso que anormal sou eu em pensar que a pessoa está no meu facebook por simpatizar comigo, ela está ali pra fuçar pô! Em contrapartida tem gente de quem eu adoraria saber mais, mas por não simpatizar com a pessoa não me animo a adicionar, mesmo tendo sido colega de ballet, amiga de infância, ou pode até ser parente, me sinto mal fazendo isso. 
    Tá bom, facebook não é exemplo válido, então, se eu sou amiga de uma pessoa eu serei amiga dela independente de cor, raça, time ou partido político. Eu conheço a pessoa há 10 anos e ela era heterossexual assim como eu, mas há dois anos se descobriu gay, isso não é motivo pra apagar a nossa história de amizade e eu parto do princípio que ela vai me respeitar, eu respeito a mais nova opção dela e ela a minha já antiga e conhecida de todos. Não é assim? Não deveria ser? Eu demorei muito tempo pra aceitar que um homossexual é uma pessoa igualzinha a mim apenas com gosto diferente, é como eu gostar de verde e a minha irmã de roxo, mas enfim, entendi e aceito perfeitamente. Diferença nenhuma deveria enfraquecer amizade, ou será que quando isso acontece o que nunca aconteceu foi a amizade? Pois é, eu tenho ingenuidade o suficiente pra não ficar magoada com amigos colorados, porque sou gremista, com os homo porque sou hetero, com os partidários porque uma experiência ruim me fez pegar asco de política. E a cada dia que passa percebo que sou raridade, diferenças que deveriam unir servem pra separar. 
    Sei lá, tenho me achado inocente por não perceber que perdi alguns amigos pelo caminho, perdi por pensar diferente, por assumir quem sou, por dizer do que não gosto, por ser polêmica (é o que dizem alguns). Pensava eu ter milhões de amigos, mas o tempo e a maturidade vão diminuindo essa conta e deixando ela quase em zero. Tenho vontade de pegar alguns do braço olhar no olho e dizer: "Não gosta mais de mim? Acabou a amizade? Então tá, vamos assumir isso e chega de putaria." Indireta daqui, indireta dali e a gente vai enchendo o saco, superlotando o copo, perdendo o carinho. Queria eu parar de dar indiretas e largar a real, mas e o medo? Sou uma troxa mesmo, sofro por quem não merece, sinto saudade de quem quer a minha cabeça e sou inocente o suficiente pra pensar que é uma fase e vai passar. 
    Idiota eu, que ainda terei que tomar mais mil vezes na cabeça pra aprender que a vida é cheia de maldades e certas pessoas não suportam a diferença e a autenticidade, e essas eu quero que tenham coragem pra me dizer que não me suportam somente pelo fato de eu ser quem sou e não quem elas querem que eu seja. Pronto falei, não gostou? Me exclui do facebook, dá unfollow no twitter e me tira de vez da tua vida. Eu e a minha insistente inocência agradecemos muito. 

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