quinta-feira, 21 de abril de 2016

O positivo que mudou a minha vida

   



   Eu não quis ser mãe, por muito tempo eu não quis. Eu queria poder investir na carreira, viajar, ganhar o mundo. Eu não queria casar, por muito tempo eu não quis. Eu queria ter liberdade para dormir em Miami e acordar na Alemanha. Cá estou casada, com uma filha canina de dois anos e meio e uma humana a caminho. A gente não tem noção da vida até que começa a viver, a gente tem a maior facilidade de sonhar até que percebe o quão difícil é realizar. 
   Logo que repudiava o casamento, logo eu que criticava a maternidade encontrei neles a minha realização pessoal. A gente muda, a vida ensina, o destino por vezes enfia o dedo na nossa cara e nos desafia. 
   Quando eu adotei uma pequena bolinha de pêlos eu não podia imaginar o quanto ela iria transformar a minha vida, pois ela me tornou mãe e me mostrou que o amor é imenso e infinito. Quando eu decidi que queria sentir o amor crescer dentro de mim eu não podia dimensionar essa experiência. 
   O mês era agosto, a minha vida tava do avesso, eu tinha me despedido da minha segunda mãe, da pessoa que, junto com a minha mãe, mais me ensinou sobre a vida. No dia em que eu dei o último adeus pra minha avó algo mudou em mim, algo me fez querer entender quão maior poderia ser o amor que eu já tinha certeza ser infinito. Se eu quisesse gerar uma vida o meu filho já tinha um pai, eu só precisava me entregar e querer de verdade viver o que pra mim seria um enorme desafio, a maternidade. Agosto acabou e a minha cartela de pílula também, pedi a Deus que a vontade Dele fosse feita. 
   Entre agosto e dezembro eu me dediquei de corpo e alma para um concurso público e o resultado foi positivo, fui aprovada e era só esperar a nomeação. Dezembro chegou trazendo a aprovação e o desejado, porém ainda temido, positivo. Dia 22 completei 31 anos, dia 23 abri o envelope que continha o passaporte para uma nova vida, o positivo chegou. 
   Amigos, familiares e até o papagaio do vizinho nos parabenizaram e comemoraram, eu confesso que de lá pra cá a minha vida virou um turbilhão de sentimentos. Eu sou muito pé no chão pra me deslumbrar com algo que eu sei o quanto é difícil e quanta responsabilidade exige. Será que eu vou conseguir? Será que sou capaz? E no meio de tudo sinto um chute e vejo em uma tela um ser humano perfeitinho crescer dentro de mim. 
   Eu seria mãe de menino, eu sempre achei isso, até porque me julgava prática demais para ter paciência com o mundo feminino. Março chegou com a notícia de que, contrariando os meus "achismos", uma menina crescia em meu ventre. Desde então todos os dias são para imaginar como ela vai ser, do que vai gostar, será que vai ter o meu gênio (rogo a Deus que não), imagino o tanto que ela há de me ensinar e quanto estará disposta a aprender, sinto medo, amor, felicidade, tristeza, tudo isso junto com o tempo passando e o agosto chegando. Por ironia do destino (ou não), o mês em que a minha avó nasceu e morreu é o mês em que terei nos meus braços a minha Melissa. 
   Eu ainda não me sinto preparada, talvez nunca me sinta, mas me sinto disposta a aprender, a ensinar e a crescer junto com ela. A Amy já me ensina tanto que eu só quero me entregar de novo de corpo e alma pra essa nova experiência materna. Quero rever conceitos, quero não ter conceitos, quero sentir, amar, sonhar, viver e seguir tentando ser melhor todos os dias por mim, pela minha mini e desejada família e pelo mundo que merece uma versão melhorada de mim. Que seja de fato doce e linda apesar de difícil, e por vezes até cruel, a maternidade. 

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