Eu não sei bem se algum dia tive alguma pretensão com esse blog, mas hoje eu tenho. Hoje eu escrevo para que a minha filha saiba o que eu senti desde que soube da existência dela. Eu não quis ser mãe, por muito tempo eu não quis. Precisei perder a minha avó para sentir que eu precisava preservar esse imenso amor e precisava ter para quem ensinar sobre amor.
Desculpa filha, eu não tinha noção do que eu tava me privando. Quando me vi mãe da Amy, a minha primeira filha de quatro patas a mãe adormecida que vivia em mim foi aos poucos despertando. Há quem diga que são amores incomparáveis, eu afirmo que são muito semelhantes. Hoje eu mataria e morreria tanto pela Amy quanto pela Melissa.
Eu não te amei desde que li aquele positivo filha. Desculpa, mas aquele resultado me causou mais medo do que amor. Eu sentei no sofá olhei pra Amy e chorei. Chorei porque pensei: "Quem sou eu para ser responsável por outra vida?" Chorei de medo, felicidade, insegurança. A ficha não caiu ali, eu não amei naquele dia. Semanas depois no nosso primeiro encontro através de uma tela eu ainda também desconhecia o amor que seria capaz de sentir e foi assim por muito tempo. A barriga crescia, eu estava me transformando mas não tinha dimensão do quão melhor e mais eu poderia ser.
Tu nasceu e eu chorei. Tu te apressou e nasceu antes do tempo e o meu medo era não ouvir o teu choro, mas tu chorou alto e forte e as lágrimas escorreram. A doutora te mostrou pra mim com a pressa de quem precisa levar o paciente para a UTI e eu só soube dizer: "Ela nasceu roxa como eu." Disse isso e imaginei o que a minha mãe deve ter sentido quando me viu pela primeira vez. No outro dia eu te vi dentro de uma encubadora e eu ainda não te sentia minha. Os dias se passaram e no dia 17 de julho quando eu te dei o primeiro colo eu chorei (tu tem uma mãe tão durona quando chorona) e eu talvez tenha entendido um pouco da difícil missão que me foi confiada.
Hoje tu tá quase completando 5 meses e nós estamos nos entendendo muito melhor. Eu já sei que tu chora de sono, eu entendo que tu quer colo a toda hora, eu me derreto com o teu sorriso. Eu nem queria amamentar e hoje eu acho que é tu quem vai cortar esse nosso vínculo. Eu me rendi minha filha. Eu me rendi ao teu amor. Eu me rendi as lições que tu me ensina todos os dias incansavelmente. Eu já entendi que talvez eu mais aprenda do que ensine.
Eu me sinto completamente entregue a um amor que eu desconhecia, eu só sabia que lindo era ser filha de uma mãe espetacular mas eu não imaginava como podia ser mágico ser mãe. Eu "mordo a língua" todo o santo dia, me pego fazendo o que eu julgava, me pego fazendo planos que eu condenaria há meses atrás, me flagro rindo sozinha e chorando também. É um cansaço compensador, é um amor que transcende, é o melhor que eu posso ser e que me faz descobrir que o melhor ainda está por vir. Obrigada filha, obrigada por ter me escolhido, obrigada por ser tão minha e me falar tanto sem ao menos dizer uma única palavra. Hoje eu sou puro amor e se erro é na tentativa de ser mais, de ser melhor, de ser a mãe que eu tenho e a quem sou grata por chamar de minha. Vivo todos os dias para que sejamos grandes amigas e mesmo quando tudo parecer ter fim saibamos que temos uma a outra e nada mais importa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário